Há quatro elementos naturais que me causam uma sensação que não sei descrever, mas que podem ser comparadas a uma devoção, contemplação, como se estivesse diante de algo Sagrado... e que, para mim, são realmente sagrados:
Árvores, Montanhas, Nuvens e Mar.
Árvores e Montanhas são como Deuses para mim.
As árvores, em especial, têm para mim a mesma conotação de uma pessoa humana, embora com um halo de majestade que humano nenhum possui.
No grande épico Senhor dos Anéis, de Mestre Tolkien, há uma parte destina especialmente às árvores, pois que estas eram cultuadas como Deuses pelos povos antigos pré-cristãos, como os Celtas.
Aqui vai uma canção (dentre muitas que povoam o
livro, baseado na literatura da Idade Média) de uma das partes que mais
gostei até então. Trata-se do capítulo "Barbárvore", do Livro III da
parte As Duas Torres. Por este capítulo tratar de Ents e sobre
árvores e florestas, foi o que mais me agradou, e Barbárvore, o
mais antigo Ent da Floresta de Fangorn, se tornou o meu personagem
preferido, dentre todos.
(Ent)
Se a Primavera enfolha a faia e a seiva os galhos banha,
Se a luz se espelha no regato e há vento na montanha,
Se o passo é largo, duro o esforço e frio corta o ar
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que é belo este lugar!
(Entesposa)
Se a Primavera ao campo chega e o trigo está na espiga,
Se a branca a flor qual neve brilha e no pomar se abriga,
Se a chuva e sol por sobre a terra perfume há no ar,
Eu fico aqui, não volto, é belo meu lugar.
(Ent)
Se for Verão por sobre a terra e à tarde a luz dourada
Mil sonhos verdes derramar nas folhas enlaçadas;
Se verde e fresco for o bosque e o vento for bem-vindo,
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que aqui é tudo mais lindo!
(Entesposa)
Se for Verão e no calor a fruta escurecer,
Se a palha é seca, e a espiga branca na hora de colher;
Se pinga o mel, cresce a maçã ao vento que é bem-vindo,
Eu fico aqui, à luz do sol, pois isso é bem mais lindo!
(Ent)
Se for Inverno, o duro Inverno que mata o campo Cinvade,
Se a noite escura o dia sem sol devora sem piedade,
Se o Vento Leste for mortal, então na chuva fria
Vou procurar-te, vou chamar-te, eu volto nesse dia.
(Entesposa)
Se for Inverno sem canções, se a treva enfim vier,
Quebrando já o inútil galho, se a luz já não houver,
Vou procurar-te e esperar-te, até seguir um dia
Contigo pela estrada afora sob a chuva fria!
(Ambos)
E junto para o oeste vamos no encaminhar
E longe, longe encontramos onde descansar.